O tricolor paulista foi amassado, dentro da sua casa, pelo então vice-líder, Internacional. Além de perder a liderança, vai com uma pressão enorme para as rodadas finais. Será que o São Paulo tem forças para dar a volta por cima?
OS PECADOS CAPITAIS DO SÃO PAULO
A perda da liderança não é um fato isolado, mas sim, uma consequência de uma série de adversidades que o tricolor não consegue superar.
A derrota para o Internacional dentro de casa, não foi uma derrota qualquer. A maior goleada sofrida pelo São Paulo na história do Morumbi, vai trazer problemas até a 38ª rodada.
O tricolor paulista comete os mesmos erros de sempre, que já se tornaram uma espécie de pecados capitais, que escancaram as dificuldades do time, e também do treinador.
1) Falta de controle emocional:
O São Paulo não sabe lidar com a pressão. As eliminações no Estadual, Libertadores, Sul-Americana, trouxeram sempre uma instabilidade técnica ao time, mesmo que conseguindo alguns bons resultados. O time não fica à vontade em campo, e o fato de obrigatoriamente ter de vencer, não funciona com esse grupo de jogadores.
Desde a eliminação para o Grêmio na Copa do Brasil quando era favorito nas casas de apostas, o São Paulo não joga. Não tem o mesmo encaixe, e isso reflete nas suas atuações e resultados. Enquanto estava em duas competições, estava leve e “descompromissado”. Hoje, sendo o time a ser batido, sucumbiu.
2) Insistência em erros recorrentes
Cada equipe tem seu próprio modelo de jogo, com características que lhes são particulares. O São Paulo de Fernando Diniz, tende a usar um padrão de triangulações, saída de bola sempre por baixo, e construção desde sua área de meta.
No entanto, o time vem sofrendo com a marcação cada vez mais agressiva dos adversários, e sofrendo gols com seguidos erros na saída de bola. Não importa se o adversário marca baixo, ou então coloca 10 homens no campo do São Paulo, a bola quase sempre vai sair pelo chão.
É padrão, tem de ser estimulado, mas insistir em algo que não dá certo, é teimosia.
Além disso, sair com passes curtos é bonito, é “moderno”, mas é obrigação do treinador ter variações e outros padrões de jogadas, para lidar com diferentes adversários.
Isso nos leva ao terceiro pecado são-paulino.
3) Falta de variação tática
Esse é um dos problemas básicos do São Paulo. O padrão imposto por Fernando Diniz é ótimo, é bonito de ver, mas precisa ser competitivo.
O São Paulo evoluiu muito nos últimos meses, com a insistência do treinador em algo que ele acha que é o correto. Mas é inegável que no meio do caminho houveram oscilações, momentos de queda técnica, e mesmo assim, o tricolor não mudou.
A eliminação para o Grêmio na Copa do Brasil, exemplifica exatamente isso. O time tinha muita posse, rodou a bola na intermediária uma centena de vezes, e faltou opções.
Aquele modelo não funcionou, não chegou a pressionar o adversário, e o treinador foi com ele até o fim. Claro que deve ter um padrão, mas tem de ter plano B, C e até plano D se precisar.
Esse problema não é exclusividade do São Paulo ou do Diniz, mas o líder precisa ser diferente, senão cai.
4) Falta de peças de reposição
Esse não é um defeito apenas do São Paulo. Tirando Flamengo e Palmeiras, o restante tem pouco material humano, e em uma temporada longa, faz diferença.
5) Lideranças instáveis
Essa é uma percepção muito pessoal, e sei que muitos irão discordar dela. Mas não vejo o São Paulo com grandes lideranças dentro de campo.
Daniel Alves talvez seja a maior delas, e quando o calo aperta, o camisa 10 sempre aparece na tela cobrando dos companheiros, mesmo ele cometendo muitos erros seguidamente.
Reinaldo é outra, Volpi pode ser? Enfim, falta alguém que chame o grupo de volta a realidade. Quando as coisas vão mal, a impressão que fica é que é cada um por si.
6) Vestiário
Outra opinião individual e que pode não ser confirmada na prática. Mas a forma de cobrança de Fernando Diniz, a resposta prática de jogadores, me causa uma sensação que o clima de tranquilidade sempre está por um fio.
A forma com que o treinador se dirige aos jogadores à beira do campo (vide caso com Tchê Tchê), praticamente berrando nos microfones os defeitos dos seus jogadores, não me faz crer que seja a melhor forma de trabalho.
7) Seca de títulos
Um dos problemas mais sérios do São Paulo é a longa sequências de temporadas sem conquistar um título relevante.
Isso faz com que o time sinta a enorme pressão de buscar um troféu, mesmo que outros tantos responsáveis por essa seca, nem estejam mais no clube. O São Paulo é gigante, que carrega um peso de ser protagonista.
Se as coisas vão bem, o clima é ótimo. Quando começam a dar errado, parece um piano nas costas de cada um. Tem jogadores que não suportam a pressão, e isso vai prejudicar a equipe até o final.
Por sinal numa das principais casas do mercado a Betano o São Paulo que era favorito a conquista do Brasileirão caiu para a quarta colocação com odds de 5.00 atrás de Internacional, Flamengo e Atlético Mineiro.
DINIZ FICA?
Mesmo com essa sequência de péssimos resultados, 4 eliminações no ano, goleada histórica e perda de liderança, parece que a diretoria vai bancar o treinador até o final.
Seria um tiro no próprio pé, trocar de comando a essa altura. O São Paulo ainda tem boas chances de ganhar o título, porém, não depende mais das suas próprias forças.
Diniz vai seguir com o mesmo padrão de jogo, as mesmas escolhas, e vai apostar nas suas convicções até o final.
Mas o campeonato “quase ganho” do São Paulo, não existe mais. Lutava contra um Flamengo instável, Inter em queda livre após mudança de treinador, Grêmio patinando na competição, Atlético-MG de altos e baixos, e com o Palmeiras dividindo atenção em três competições.
Tinha a faca e o queijo na mão, e agora, é só mais um candidato e isso fica evidente entre os fãs das apostas esportivas.