No Z-4 ao longo de todo o campeonato, o Coritiba acabou selando o rebaixamento com duas rodadas – e três jogos – de antecipação. Com a derrota para o Santos, no último sábado, o Coxa só poderá ir a 37 pontos, e o Bahia, primeiro fora da zona, já soma 38.
Sport e Fortaleza lutam contra o rebaixamento e por vaga na Sul-Americana ao mesmo tempo
A matemática é, por vezes, a última esperança para os torcedores. Mas, no caso do Coritiba, o futebol praticado ao longo das 36 rodadas do Campeonato Brasileiro foi tão carente quanto os números. Não é à toa o pior ataque da competição: vem de outras duas marcas negativas – o segundo pior em criação de jogadas e o pior em finalizações certas.
Erros no planejamento que vêm desde o início da temporada. Contratações que não renderam o suficiente, como Renê Junior (que foi devolvido ao Corinthians antes do Brasileiro), Gabriel, Sassá, Rodolfo Filemon, Lucas Ramon, entre outros.
1º treinador: Eduardo Barroca
A equipe de Eduardo Barroca fazia campanha estável no Campeonato Paranaense, quando chegou o primeiro baque do ano. A eliminação precoce da Copa do Brasil ainda na primeira fase para o Manaus foi um grande pesadelo no futebol coxa-branca e, principalmente, nas finanças – era um dinheiro com que o clube contava para trazer respiros ao caixa.
Veio a pandemia e acentuou o que já era deficitário: o futebol pobre e pouco incisivo que seria a cara de 2021 já aparecia ainda no campeonato estadual, quando este retornou na fase final. As duas derrotas na final para o rival Athletico foram “aperitivos” para o que viria no Brasileiro.
2º treinador: Jorginho
Barroca não resistiu à quarta derrota nos quatro primeiros jogos do Campeonato Brasileiro e foi substituído por Jorginho, sob comando de quem o Coxa voltou a Série A em 2019. O regresso do ex-lateral tetracampeão do mundo começou positivo, com a equipe conseguindo arrancar seus primeiros pontos. Neste ínterim, a troca na Direção de Futebol do clube foi vista com bons olhos: de Rodrigo Pastana para Paulo Pelaipe.
Com Pelaipe, vieram contratações pontuais. Neílton, Ramón Martínez, Sarrafiore, Ricardo Oliveira, Hugo Moura, Rodrigo Muniz… cabia a Jorginho introduzi-las ao campo. E, foi justamente esta a queixa dos torcedores: o treinador, por vezes, insistia em peças sem rendimento, enquanto os novos não ganhavam oportunidades. Os resultados ruins reapareceram, e Jorginho não resistiu.
3º treinador: Rodrigo Santana
Na virada do turno, Rodrigo Santana, ex-Atlético-MG e Avaí, foi o nome escolhido para tentar livrar a equipe do rebaixamento, que àquela altura já parecia iminente. Os questionamentos que surgiram acerca de seu nome se tornaram críticas concretas ao longo das apenas seis rodadas em que esteve à frente do time. Foram quatro derrotas e dois empates.
4º treinador: Pachequinho
Quarto treinador da temporada – este, adjunto – Pachequinho, ex-artilheiro do Couto Pereira, resolveu tentar apagar o fogo. Não funcionou: derrota para o lanterna Botafogo, dentro de casa, para desesperançar a equipe de vez.
Ceará tem campanha de G-4 como visitante e de Z-4 como mandante
2020 para 2021…
Mudou o ano e a diretoria coxa-branca. Samir Namur deu lugar a Renato Follador, que já chegou anunciando a nova comissão técnica. O paraguaio Gustavo Morínigo, auxiliado pelo ex-goleiro Júlio Sérgio. Se o rebaixamento já era inevitável, ao menos inicia-se um planejamento para um 2021 menos conturbado.
5º treinador: Gustavo Morínigo/Júlio Sérgio
O “incêndio” no futebol do Coxa já era inapagável. Com a derrota em casa para o Goiás, sob comando de Júlio Sérgio, poucas ou nenhuma eram as perspectivas de permanência. Quando Morínigo assumiu, em um Athle-Tiba sem gols, até elevou a moral do elenco e pontuou. Mas, com o peso de toda a temporada, já não era mais suficiente.
E agora?
O Coxa cumpre tabela contra Palmeiras – jogo atrasado devido à participação palmeirense no Mundial de Clubes –, Ceará e Atlético-GO. Sem tempo para lamentações, pois a nova temporada já se inicia no dia 28.
Para voltar à primeira divisão em 2021, o Coritiba terá de superar diversos obstáculos – os quais envolvem, majoritariamente, questões financeiras. Dívidas trabalhistas que já vão atravessar três décadas somam-se aos rombos no caixa deixados por gestões anteriores e renegociados com insucesso.
Corroborando com a situação, a diminuição da receita de TV, superior a R$ 30 milhões, deverá causar um enorme impacto para o clube. Ainda pior, imaginando que o clube perderá um dos fatores que mais ajudaram no futebol e nas finanças em 2019: a presença da torcida. O Coxa terá que aproveitar da melhor maneira possível os recursos escassos para tentar dar a volta por cima no futebol.